A tradição modernista Paulistana teve em Gregori Warchavchik seu principal expoente. Como apresentado na última Pílula Arquitetônica, a Casa Modernista da Rua Santa Cruz foi um dos projetos arquitetônicos mais relevantes mundo nos anos 1920. Mas a inovação Paulistana não parou por aí. Em uma cidade em constante desenvolvimento, impulsionada pela chegada de imigrantes de diversas partes do mundo junto a uma economia cada vez mais pulsante, diversos nomes da cultura deixaram sua marca.
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi o pontapé inicial para a revolução cultural que estava por vir. Nela, diversos grandes nomes da cultura brasileira acreditavam em uma ruptura com o passado, apostando em novas formas de expressão. Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Victor Brecheret, entre outros, fizeram parte desse grupo que trabalhava para construir um novo cenário.
Esse movimento influenciou toda uma geração. Um artista e arquiteto, cuja história é das menos obvias, impactou a cena cultural Paulistana. Flavio de Carvalho desenvolveu diversos ofícios durante sua vida, tendo criado pinturas, esculturas, performances e ficou conhecido por ser um dos primeiros arquitetos a ter aplicado os princípios modernistas em suas obras.
Flavio estudou na França e na Inglaterra e se formou como engenheiro civil em 1922. Retornando ao Brasil, trabalhou no escritório de Ramos de Azevedo e começou uma carreira de imenso destaque. Em 1929 ele começa a projetar sua residência em Valinhos, no interior de São Paulo, sendo a primeira obra modernista do próprio. Alguns anos mais tarde, em 1938, ele construiu as Casas Modernistas, uma vila localizada na Alameda Lorena com a Ministro Rocha de Azevedo. Essa obra tinha o objetivo de fornecer habitação social para operários, indo na contramão dos projetos comissionados que até então reinavam. As linhas retas, grandes janelas e planta aberta, representam as bases da arquitetura modernista e refletem mais uma vez a evidente relevância de São Paulo em tal movimento.
Em 1939, Flavio de Carvalho foi indicado para o Prêmio Nobel de Literatura, mais uma habilidade curiosa do personagem multi talentoso. O prêmio não veio, mas nas décadas seguintes, ele continuou a criar obras que chocaram a sociedade e que manteve vivo o espírito inovador da Semana de 22. Em 1956, o artista desenvolveu uma performance intitulada “Experiencia nº3”, uma proposta de um “New Look” para homens que viviam nos trópicos. Flavio saiu nas ruas de São Paulo usando um saiote e um blusão, que na visão do próprio, seria um traje genuinamente propicio para o verão.
Entre performances e obras da construção civil, entre obras literárias e pinturas, São Paulo fomentou o começo da tradição cultural moderna. Flavio de Carvalho representa de uma forma única essa interdisciplinaridade.
Recomendamos uma visita à Casa SP-Arte, que ocupa a mais bem restaurada casa da Vila Modernista. Fique atento a https://www.sp-arte.com/casa-sp-arte/ para futuras programações.
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