Na última semana abordamos a imponente Estação Júlio Prestes localizada no centro da cidade de São Paulo. O espaço, que hoje abriga a Sala São Paulo, é símbolo da boa restauração de patrimônios históricos e da utilização de espaços ociosos. A América Latina, apesar de todas as dificuldades contextuais, tem diversos espaços genuinamente relevantes culturalmente. Hoje abordaremos um dos edifícios mais interessantes do mundo, situado no coração da Cidade do México.
O Palácio de Bellas Artes tem uma história única e inspiradora. O projeto começou em 1904, com o objetivo de substituir o Teatro Nacional, que ficava localizado no mesmo espaço. Na época, a Cidade do México passava por um grande plano de remodelação urbana. Na tentativa de dar uma nova cara a cidade e criar uma estrutura opulente para homenagear o Centenário da Guerra de Independência Mexicana, o arquiteto Italiano Adamo Boari foi comissionado para desenvolver o projeto.
No entanto, a partir de 1910, o México passou por uma série de conflitos armados que ficaram conhecidos como “A Revolução Mexicana” e que reconfiguraria a política interna do país. Essa instabilidade social, junto ao solo extremamente desafiador da Cidade do México, fizeram com que as obras permanecessem completamente paradas de 1913 até 1932.
A partir desta data, o arquiteto Mexicano Frederico Mariscal tomou conta do projeto. Essa temporalidade de três décadas fez com que o Palácio de Bellas Artes tivesse uma concepção única. A arquitetura externa é predominantemente feita nos estilos de Art Nouveau e Neoclássica, típicos da década de 1910. O interior foi construído em uma estética Art Deco, que se popularizou a partir de meados dos anos 1920.
O período pós-revolução Mexicana foi extremamente rico para o desenvolvimento das Artes Plásticas no país. Com isso, alguns dos maiores artistas da história do México ficaram responsáveis por decorar as paredes do Palácio de Bellas Artes com imensos murais localizados no Hall principal do edifício. Obras de Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros, José Clemente Orozco e Rufino Tamayo até hoje podem ser vistas no espaço.
Outro grande atrativo do edifício é a magnifica cortina de palco, criada por Louis Comfort Tiffany, grande artista de vitrais e filho do fundador da marca Tiffany & Co, e única cortina de palco do mundo nesses moldes. Nela, é retratada uma vista do Valle do México com seus dois famosos vulcões: Popocatépetl e Iztaccíhuatl. A peça mede 14 metros de largura por 12 metros de altura e é feita a partir da junção de aproximadamente um milhão de pequenos pedaços de vidro colorido.
Hoje, o Palácio de Bellas Artes é aberto ao público. Nele, ocorrem diversas exposições e eventos culturais, com destaque para o Ballet Folclórico Mexicano, que ocorre periodicamente no espaço. Uma ótima chance de experienciar a diversa excelência cultural latino-americana.
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