Idea Zarvos & ABERTO
Em nossa segunda Pílula Arquitetônica em parceria com a ABERTO, celebramos o trabalho e legado de uma das famílias que mais agregaram nas cenas das artes e da arquitetura Paulistana.
A história dos Ohtake em São Paulo faz parte da vasta imigração Japonesa ao Brasil, que começa nos princípios do século 20. Nessa época, o Japão estava passando pela restauração Meiji, período em que o país se abriu ao mundo depois de mais de 2 séculos de isolamento. O Japão enfrentava diversos problemas sociais e econômicos que fizeram com que sua população buscasse refúgio nas américas.
Em 1936, Tomie chega a São Paulo para visitar um irmão. Em terras tropicais, ela conhece e se casa com o engenheiro Ushio Ohtake. Com o nascimento dos filhos Ruy e Ricardo, os dois começam uma família e se estabelecem no paulistaníssimo bairro da Mooca.
Tomie Ohtake começa a experimentar com a arte no começo dos anos 50. A artista inicia sua obra com experimentos figurativistas, passando por experiencias fauvistas e concretistas, até chegar no abstrato, onde permaneceu definitivamente. Seu trabalho fluiu de pinturas até esculturas, se tornando ao longo das décadas seguintes peça importante da cena cultural Paulistana.
O primeiro grande marco de sua carreira foi em 1957, quando a artista teve sua primeira individual no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Mas em 1972 seu trabalho chega em outro patamar; nesse ano, Tomie é convidada para expor na Bienal de Veneza, em um passo importantíssimo para a representatividade de artistas mulheres e latino-americanas. Duas décadas depois, na Bienal de São Paulo de 1995, ela expôs suas esculturas que encantaram ao público. Hoje, diversas delas compõe a paisagem urbana dos espaços públicos brasileiros.
O legado de Tomie é agregado, a partir de 1969, pelo trabalho de seu filho Ruy. Nesse ano, o na época estudante de arquitetura, desenvolve um dos projetos mais icônicos do brutalismo paulistano. Ruy Ohtake projetou a “Residência Tomie Ohtake” para ser a casa da família e ateliê de Tomie. O projeto foi constituído a partir de um bloco único, sem obstáculos, com os ambientes fluindo ao longo da construção. O salão principal consta com paredes concreto pintadas com as cores primarias, quebrando a monotonia do cinza.
As obras que Ruy projetou posteriormente também trouxeram cor e brutalismo, em outra escala. O arquiteto foi o responsável pelo Hotel Unique, estrutura conhecida por quase todo Paulistano por sua semelhança com um navio. Ele também projetou importantes obras públicas, como o terminal Sacomã e o conjunto de edifícios redondos de Heliópolis.
Talvez, a obra mais icônica de Ruy Ohtake na paisagem paulistana, seja o Instituto Tomie Ohtake, hoje comandado pelo também filho de Tomie, Ricardo Ohtake. Esse instituto e esse edifício simbolizam a eterna relevância da família no cenário cultural do país e inspiram artistas e arquitetos a continuar a projetor e construir um futuro mais colorido.
Não perca a chance de visitar a Residência Tomie Othake, na ABERTO 03.
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