“O ar não tem forma nem volume, suas moléculas se espalham ocupando o espaço, não é estanque, é movimento.” Marina Acayaba e Juan Rosenberg são arquitetos que constroem beleza com o ar.
A dimensão poética de sua produção é plena de espaços e respiros e tira partido das luzes natural e artificial, como tão bem demonstra o projeto do edifício Uri, o mais novo Idea!Zarvos no Itaim.
Mais do que desenhar espaços para cumprir funcionalidades, o que sugerem é pensar na presença em movimento ao projetar. Como o espaço vai ser vivido, experienciado? Criar ambientes que provocam sensações únicas, inimitáveis. E para isso Marina e Juan jogam com planos, ângulos e texturas em constante diálogo com a imaterialidade da luz.
Como processo criativo, os arquitetos sabem tirar proveito de inspirações para além do universo estrito da arquitetura. Para as áreas comuns do Uri, por exemplo, eles buscaram inspiração na arte do venezuelano Cruz-Díez e do norte americano James Turrell.
Cruz-Díez inicia sua pesquisa cromática através da pintura, experimentando efeitos óticos de cor. Suas obras mais características são composições geométricas fragmentadas em multiplicidade de tons. Com o tempo o artista provou outros materiais, técnicas e suportes. Para ele, as cores são organismo vivo, que se desdobra em si.
Dentre os suportes tridimensionais, Cruz-Díez chega à obra “Cromossaturação”, uma composição espacial de salas e objetos tridimensionais, cada espaço com uma profusão de cor única. Na passagem entre as salas as composições de cores são múltiplas. O resultado é fascinante.
Conhecido por suas instalações preenchidas de cor, o norte-americano James Turrell propõe experiências sensoriais. As obras do conjunto “Ganzfelds”, por exemplo, são espaços minimalistas construídos com desenhos geométricos e superfícies sem textura, completamente homogêneas. Apenas a cor preenche o espaço através da luz. A iluminação difusa e uniforme confunde a percepção de profundidade do visitante. Ao entrar em um desses espaços não é possível saber se as paredes estão próximas ou distantes.
Em outro conjunto de obras, “Skyspaces”, Turrell propõe salas com apenas uma abertura geométrica no teto da sala. O acabamento do recorte no forro é feito de modo que não se vê sua espessura. Conforma-se então uma moldura perfeita para o céu. Bancos com encosto inclinado direcionam o olhar para cima. É assim que o artista propõe uma relação sensorial única com a natureza fazendo uso da arquitetura.
Foi bebendo de fontes como essas que o AR Arquitetos projetou as áreas comuns do Uri quase como uma instalação de arte. Imagina esse contato cotidiano com a arte convocando os sentidos?
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